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Capítulo IV Características Humanas e Sócio-económicas
dos Consumidores de Drogas Secção
I: Características Individuais
(A)
Tendência do Pedido de Apoio e Distribuição
Etária e Sexual Nesta secção,
através da análise dos dados sobre os casos velhos e novos
de pedido de apoio e da estrutura etária dos utentes, vamos julgar
a tendência de desenvolvimento do trabalho de combate à
droga, e a estrutura etária dos novos adquirentes do vício
de se drogar e dos que contactaram pela primeira vez com as instituições
de desintoxicação, de modo a que o resultado desta análise
possa servir de referência para a elaboração de
novas medidas políticas referentes à prevenção
e tratamento da toxicodependência. Devido à limitação
das fontes de dados, era difícil obter os dados completos de
Macau. Felizmente, após o regresso de Macau à Pátria
em Dezembro de 1999, o Departamento de Prevenção e Tratamento
da Toxicodependência do IAS tem ordenado os dados longamente acumulados,
que podem reflectir em determinada medida a situação real
a este respeito dos últimos anos. Por outro lado, antes de ingressar
nos lares para se submeter a tratamento, todos os toxicodependentes
que se ofereceram para abster-se do vício submeteram-se ao serviço
de exame físico ou de tratamento médico da Consulta Externa
do Governo, razão por que podemos obter aqui os seus dados sistemáticos.
Entretanto, aprendendo as experiências do "Arquivo Central de
Dados sobre o Abuso de Drogas" da Divisão contra os Narcóticos
de Hong Kong (Narcotics Division,
Hong Kong), Macau também criou o "Sistema Estatístico
Central dos Consumidores de Drogas", que já começou a
funcionar. Por isso, a análise da Divisão de Tratamento
e Reinserção Social sobre os dados de 2000 e de 2001 pode
desempenhar o papel orientador.
(1)
Tendência de aumento
e redução dos casos novos e dos que pediram novo apoio
de desintoxicação Segundo os dados da Divisão
de Tratamento e Reinserção do Departamento de Prevenção
e Tratamento da Toxicodependência, desde Outubro de 1991 até
ao fim de 2001, foi registado um total de 724 casos de pedido de apoio
acumulados; entre 1991 e 1994, o número dos casos novos de pedido
de apoio aumentou sem cessar, chegando ao ponto mais alto (referindo-se
a 118 pessoas). Desde 1995 até hoje, tem vindo a apresentar uma
tendência de baixa contínua e estável8
. Quanto ao número
dos casos de pedido de novo apoio registados, desde 1991 até
1998, aumentou ininterruptamente, atingindo neste ano 58,6% a sua percentagem
ocupada no total dos casos de pedido de apoio. E esta tendência
de aumento se manteve em mais de 50% até aos anos de 2000 e 2001,
o que reflecte a generalidade da recaída após a abstinência
do vício. Mapa
9 Tendência de evolução
dos casos novos/acumulados registados pela Divisão de Tratamento
e Reinserção Social (1991-2001) ![]() Mapa
10 Tendência de aumento
dos casos que pediram apoio novamente (1991-2000)
Situação de
Hong Kong: Segundo os dados numéricos
publicados em 2001 pelo Arquivo Central de Dados sobre o Abuso de Drogas,
"Entre 1995 e 1999, o número dos consumidores de drogas apresentados
reduziu bastante, mas esta tendência mudou em 2000: O número
estatístico em 2001 aumentou 0,3% em relação a
2000; sobretudo, o número apresentado pela primeira vez em 2001
aumentou 2,9% em relação a 2000. Entretanto, desde 1997,
o número dos consumidores de drogas que voltaram a ser apresentados
reduziu sem cessar e até 2001 este número reduziu 0,8%
em relação a 2000. "9. Os dados acima mencionados
mostram que em Hong Kong, tanto o número dos casos novos como
o dos que pediram apoio novamente se mantiveram estáveis, possivelmente
porque já foi nos anos 60 do último século que
em Hong Kong se tinha iniciado o trabalho de combate à droga,
que já tem uma história de mais de 40 anos até
hoje. Quanto à situação a este respeito em Macau,
conforme os dados sobre os casos de pedido de apoio, o número
dos que pediram apoio pela primeira vez apresentou uma tendência
de redução, o que mostra que o trabalho preventivo contra
a droga tem alcançado certo sucesso. Outro motivo da redução
dos casos novos era talvez que nos últimos anos as substâncias
psicotrópicas se têm propagado em Macau e a maioria dos
jovens consumidores destas substâncias ainda não têm
conhecido seus prejuízos e, por isso, não têm pedido
o apoio de tratamento. Quanto ao problema de aumento estável
do numero dos que voltaram a pedir apoio de tratamento, isto mostra
que cada vez mais pessoas que recaíram no vício de abuso
de drogas estão dispostos a enfrentar a consequência do
fracasso e pedir novamente o apoio das instituições de
desintoxicação. Daqui vê-se quão importante
é o trabalho de acompanhamento e prevenção da recaída
dos reabilitados. Além disso, é possível que a
fim de manter a sua fama, algumas instituições de desintoxicação
voluntária não informaram ou não informaram oportunamente
do número dos que voltaram a abusar de drogas ou que pediram
novamente o seu apoio de tratamento por internamento no lar, o que reflecte
que estas instituições falta de compreensão sobre
a natureza macroscópica da saúde pública.
(2)
Tendência etária
dos toxicodependentes sob tratamento Os dados mostram que entre
1991 e 1998 a maioria dos consumidores de drogas, tanto do sexo masculino
como do sexo feminino, tinham 24 a 25 anos de idade10, ocupando 62% do total. Mas, entre 1998
e 2000, o número dos pedintes de apoio que tinham 35 ou mais
anos de idade aumentou sem parar e até 2001 a sua percentagem
atingiu 75%, facto correspondente ao fenómeno de o número
dos casos que pediram apoio novamente ter aumentado sem cessar. Quanto
a esta situação em Hong Kong, entre 1995 e 2001, a idade
média dos consumidores de drogas registados só aumentou
de 32,4 a 32,5 anos11. Segundo o presente inquérito
aos 108 toxicodependentes sob tratamento, a sua idade média em
2001 era de 37,4 anos, correspondendo à tendência global.
Resumindo o que foi em cima referido e tomando como referência
o resultado da investigação internacional, vemos que a
maioria dos toxicodependentes que recebiam o serviço de tratamento
tinham entre 20 a 34 anos de idade (constituindo 70,5%), facto que mostra
que os consumidores de drogas desta faixa etária já começaram
a desgostar da vida de consumo de drogas e decidiram pedir o apoio para
tratamento. A investigação ainda mostra que em geral,
4 a 5 anos após a aquisição do vício começam
a ter iniciativa de se absterem do vício. Esta característica
diz-nos que no trabalho de prevenção do terceira
etapa, é necessário estimular as pessoas que começaram
a consumir de drogas a pedirem, o mais cedo possível, o apoio
de tratamento, e reforçar o trabalho de acompanhamento consequente
dos reabilitados, prevenção da sua recaída e redução
dos danos provocados pelo consumo longo de drogas.
(3)
Idade das pessoas que abusaram
de drogas pela primeira vez A investigação
da idade dos novos consumidores de drogas reveste-se de grande importância
para os trabalhadores de educação preventiva, podendo
ajudar os executores de medidas políticas a determinarem o alvo
da divulgação de informações sobre o combate
à droga e a incluírem os conhecimentos sobre os flagelos
da droga em materiais didácticos. De acordo com os dados de avaliação
antes do regresso de Macau à Pátria (1991-1998), a maioria
dos consumidores de drogas eram do sexo masculino e a idade dos consumidores
tanto do sexo masculino como do sexo feminino oscila entre 24 e 25 anos12. Conforme
o Relatório da Luta contra a Droga de 2001 em Macau, a idade
das pessoas que consumiram de drogas pela primeira vez não apresentou
a tendência de baixa, mas a idade média dos consumidores
de drogas subiu de 17,9 anos em 1991 para cerca de 25 anos em 2001.
Quanto a esta situação em Hong Kong, segundo estatísticas,
entre os que consumiram drogas pela primeira vez, 67,6% tinham idades
compreendidos entre 15 e 24 anos. Mapa
11 Idades dos 108 inquiridos
quando consumiram drogas pela primeira vez
Este mapa mostra que 25
ou mais anos são as idades mais delicadas quando a maioria dos
consumidores de drogas podem adquirir o vício mais facilmente.
Mas, segundo a lei da aquisição do vício, 2 a 3
anos antes de ter adquirido o vício, a maioria dos toxicodependentes
já começara a contactar com drogas. Por isso, o trabalho
preventivo deve ser realizado o mais cedo possível entre os novos
consumidores de drogas, de modo a reduzir os prejuízos da droga.
O estudioso internacionalmente famoso, Chien, investigou em 1964 a relação
entre os motivos conducentes à aquisição do vício
e a idade em que se começava
o consumo de drogas, descobrindo que a maioria dos jovens que começaram
a drogar-se tinham por objectivo procurar a satisfação
de órgãos sensitivos e a maioria dos velhos que começaram
a abusar de drogas tinham por objectivo matar a angústia e adormecer,
de modo a fugir da realidade desagradável. Além disso,
há investigadores que se dedicam ao estudo da relação
com a idade em que se começa o consumo de drogas e a duração
da história da imersão cada vez mais profunda no consumo
de drogas, mas este problema não se inclui na presente investigação.
(4)
Percentagens dos consumidores
de drogas do sexo masculino e do feminino Devido à limitação
actual das instalações de tratamento de consumidoras de
drogas e dos canais por que os inquiridores contactam com elas, era
bastante difícil recolher os dados completos a este respeito.
Perante esta situação, tivemos que avaliar apenas segundo
os dados da Consulta Externa sobre os casos de pedido de apoio e os
dados numéricos sobre os reclusos toxicodependentes tanto do
sexo masculino como do feminino. Por uma parte, tivemos dificuldade
no contacto com as consumidoras que trabalhavam nos estabelecimentos
de jogos e diversão, sobretudo das consumidoras de drogas não
residentes que trabalhavam nestes lugares; por outra parte, a única
instituição de tratamento por internamento no lar criada
para toxicodependentes do sexo feminino (Desafio Jovem - Secção
Feminina) faltava os registos completos. Todos estes motivos têm
tornado incompleta a nossa avaliação. Segundo os dados
numéricos de 2001 da Consulta Externa, entre os 662 casos registados,
a percentagem dos de sexo masculino e a dos de sexo feminino constituem
respectivamente 85% e 15%. No aspecto do julgamento judiciário,
entre os 116 criminosos envolvidos no consumo de drogas detidos de Abril
de 2001 até a Março de 2002, os do sexo masculino ocupam
81% e os do sexo feminino, 19%; entre os 108 inquiridos toxicodependentes
sob tratamento ( incluindo os internados no lar e os atendidos na Consulta
Externa), os do sexo masculino ocupam 84% e os do sexo feminino, 15,7%.
Resumindo todos os dados acima mencionados, podemos ver que entre os
consumidores de drogas, a proposição entre os sexos masculino
e feminino é mais ou menos 4,9:1. Ainda é de notar que
a tendência de aproximação gradual entre a percentagem
do sexo masculino e a do sexo feminino já tem sido confirmada
e esta característica é especialmente evidente entre os
consumidores de "Party-drugs". (B)
Lugares de Nascimento dos Consumidores de Drogas Muitos estudiosos internacionais
dedicam-se à investigação do problema de consumo
de drogas por parte das comunidades minoritárias residentes em
cidades grandes, considerando que o seu consumo de drogas tem certa
relação com a mudança da sua cultura, plano de
fundo e situação familiar. Através da investigação
do problema relativo ao consumo de drogas por parte de uma comunidade
minoritária norte-americana de Charleston, realizada em 1970,
Kaplan e Meyesowitz descobriram que nos bairros de lata nas cidades
grandes se concentravam numerosos consumidores de drogas. Através
da análise da relação entre a causa e o efeito,
realizada em 1966, Vaillant considerava que estas minorias tinham geralmente
a concepção do valor de se desprezarem a si mesmas e o
pessimismo sobre a sua perspectiva futura; a pobreza económica
e a inferioridade da posição social fazem com que a geração
jovem se torne jovens com problemas; a imigração em cidades
grandes traz muitos problemas relativos à adaptação
social e causa maior pressão espiritual, ¡X todas estas
causas conduzem ao aumento das oportunidades para consumirem drogas. Segundo estatísticas
realizadas em Macau em 2001, relativas aos lugares dos residentes, 47,4%
dos residentes de Macau nasceram no interior da China e 43,9%, em Macau,
sendo aproximadas estas duas percentagens13.
Nos últimos 20 anos posteriores a 1981, mais de 40 mil habitantes
do interior da China imigraram para Macau por vias legais ou ilegais,
razão por que o número acumulado dos imigrantes do interior
da China tem aumentado gradualmente14. Quanto aos lugares de nascimento
dos consumidores de drogas, verificaram-se mudanças consideráveis
entre 1991 e 2001. Conforme estatísticas do então GPTT
e da Divisão de Tratamento e Reinserção Social,
relativos aos dados de 1991 a 1997, a maioria dos consumidores de drogas
nasceram em Macau, seguindo-se-lhes os imigrantes do interior da China.
Mas, entre os casos de pedido de apoio registados nos últimos
anos posteriores a 1997, a maioria dos utentes nasceram no interior
da China, apresentando mesmo a tendência de subida a sua percentagem
que, por exemplo, subiu de 40% de 1997 para 62% de 200115
. Mapa
12 Percentagens dos lugares
de nascimento dos consumidores de drogas (1997-2001)
Entre os 108 inquiridos
toxicodependentes sob tratamento, cerca de 14,8% revelaram que adquiriram
pela primeira vez o vício no interior da China; 71,3% em Macau
e 13% em Hong Kong. Mapa
13 Comparação
dos lugares de nascimento dos 108 inquiridos do sexo masculino e do
feminino
Este mapa mostra que nos
últimos anos, em Macau, a maioria das consumidoras de drogas,
chegando a 59% do total, são imigrantes do interior da China.
Estes novos imigrantes com o vício de se drogar encontram e provocam
diversos problemas na sua vida e trabalho, dos quais se destacam: (1)
Têm dificuldades para arranjar de emprego; (2) Têm que enfrentar
novos problemas na família e no casamento; (3) São desprezados
e faltam canais de comunicação social; (4) Têm que
enfrentar problemas relativos ao cuidado e educação de
filhos; (5) Têm muitas
dificuldades económicas frequentemente conducentes ao cometimento
de crimes; (6) Trazem consigo drogas ao passar pela alfândega,
o que conduz ao aumento de encargos do Governo nos aspectos do serviço
social, segurança pública e educação. Após o regresso de
Macau à Pátria em Dezembro de 1999, a maioria dos residentes
nascidos em Portugal deixaram a região. Conforme o resultado
do censo de 2001, a percentagem dos residentes de nacionalidade portuguesa
no total da população de Macau baixou de 1% de 1991 para
0,9% de 1996, e para 0,4% até 200116. No supracitado mapa sobre a comparação
das percentagens dos lugares de nascimento dos consumidores de drogas,
podemos ver que o número dos toxicodependentes de nacionalidade
portuguesa que pediram o apoio de tratamento só ocupa 1 a 3%
do total dos casos de pedido de apoio nos anos indicados. Entre os 108
inquiridos os de nacionalidade portuguesa só ocupa 7,4%, tendo
idades compreendidas entre os 40 e 45 anos. Entre os reclusos toxicodependentes
que estão a cumprir a pena no Estabelecimento Prisional de Macau,
estão mais de dez ex-funcionários públicos, dos
quais a maioria é de nacionalidade portuguesa. É pena
que os investigadores não tivessem oportunidades para inquiri-los
e conhecer o estado de ânimo desta comunidade minoritária.
Por motivos políticos sensíveis, não conseguimos
conhecer se eles necessitariam do serviço de aconselhamento.
De entre os inquiridos de nacionalidade portuguesa, que estavam sob
tratamento voluntário da toxicodependência, soubemos que
eles estavam a adaptar-se à realidade social de Macau após
o seu retorno à Pátria. Eles têm que enfrentar dificuldades,
especialmente na procura de emprego; acrescentando-se-lhe que têm
idade avançada a relação familiar é má
e faltam canais de comunicação social, não é
de estranhar que na sua maioria entrem e saem repetidamente de instituições
de desintoxicação. (C)
Características de personalidade e psicológicas Muitos documentos e estudos
internacionais demonstram plenamente que depois de um consumidor de
drogas ter adquirido o vício, a sua personalidade pode sofrer
determinados prejuízos ou desordens. Em 1958, Ausubel descrevia
que a personalidade do consumidor de drogas era caracterizada pela passividade,
dependência, fuga da realidade e apoio em drogas para ter a alucinação
de autoconfiança e competência. Em 1952, Zimmering et al
considerava que o consumidor tinha o auto-conceito de inferior, idade
sentia horror das coisas ao seu redor, não podia assumir o fracasso,
tinha consciência de autodefesa, faltava-lhe iniciativa e manifestações
aflitivas ou desabafas de modo infantil e ridículo sentimentos
de descontentamento quando encontrava dificuldades. Em 1963, Savitt
expunha a partir da relação inter-pessoal os sentimentos
de preocupação interior do consumidor de drogas, tais
como o terror, desconfiança e irritação, dizendo
ainda que em geral os consumidores de drogas tinham dificuldades no
estabelecimento e manutenção da relação
com outrem. Em 1954, Gerard e Kornetsky, afirmaram através do
exame físico aos consumidores de drogas que quando se encontravam
num ambiente desconhecido ou com grande pressão, os consumidores
de drogas não tinham coragem para enfrentar circunstâncias
desfavoráveis aproveitando recursos sociais, mas costumavam fechar-se
num espaço estreito e não saíam para participar
em actividades exteriores, acrescentando ainda que eles se manifestavam
frequentemente lentos em reagir e não se interessavam pelas coisas
ao seu redor. No fim de contas, no processo do seu crescimento, eles
tinham dificuldades no desenvolvimento de uma personalidade sã. A psicopatologia pode ser
considerada outra característica geral de muitos consumidores
de drogas. A investigação mostra que cerca de 60% a 70%
dos consumidores de drogas, independentemente da sua etnia ou nacionalidade,
têm este estado anormal psicológico (Ball & Ross, 1991;
Malow et al., 1989). Segundo a investigação (realizada
por Joe et al., 1991; Steer et al., 1992), entre os consumidores de
drogas com problemas de
desordem psicológico, a maioria sofrem de inibição.
Em 1991, Ball & Ross investigou 567 consumidores de Metadona, todos
do sexo masculino e a seguir vamos comparar o resultado da sua investigação
com o resultado do nosso inquérito, efectuado por questionário,
aos 108 toxicodependentes em tratamento. Mapa
14 Comparação
do resultado da investigação internacional com o do inquérito
realizado em Macau por questionário, aos toxicodependentes em
tratamento
*A maioria dos inquiridos
de Macau consumiam heroína e Midazolam , podem ter diversos sintomas,
dos acima mencionados. O resultado do inquérito
realizado em Macau é apenas narrações dos inquiridos,
pois não foi efectuado nenhum teste profissional conforme os
indicadores dos testes internacionais. Apesar disso, nos aspectos relativos
à inibição, aflição e falta de capacidade
para controlar acções violentas, o resultado da investigação
internacional e o do inquérito de Macau são muito aproximados.
Na sua última investigação, Nunes et al. considera
que o medicamento anti-inibição pode ajudar a aliviar
o abuso de drogas. O resultado do nosso inquérito em Macau mostra
que entre os consumidores de drogas existia geralmente
tendência para o suicídio, problema necessário
à investigação científica profunda. Mapa
15 Comparação
dos problemas psíquicos surgidos entre os inquiridos toxicodependentes
em tratamento do sexo masculino e do feminino de Macau
Através da investigação
de feridas psicológicas causadas pelo consumo de drogas, Rhoads
chegou (em 1983) às seguintes conclusões: (i) A capacidade
das toxicodependentes para lidar com os problemas sentimentais é
mais fraca do que a do sexo masculino; (ii) Em relação
ao sexo masculino, o sexo feminino pode receber mais facilmente o serviço
social e pode apoiar-se mais facilmente no apoio social para enfrentar
a adversidade; (iii) Em relação ao sexo masculino, o sexo
feminino sofre inibição mais frequentemente; em relação
ao sexo feminino, o sexo masculino é atormentado mais frequentemente
pela abstinência. Entre os 108 inquiridos toxicodependentes em
tratamento, 47,2% do sexo masculino tinham a tendência para o
suicídio, enquanto só havia 19,8% do sexo feminino com
esta tendência; 35,2% do sexo masculino tinham dificuldade no
controlo de acções violentas, enquanto só havia
17,6% do sexo feminino com esta dificuldade. A investigação
efectuada junto aos grupos de foco também mostra que no que diz
respeito à assunção de problemas sentimentais,
o sexo feminino é realmente mais fraco do que o sexo masculino.
Alguns graves casos de recaída ainda mostra que a recaída
de muitas consumidoras de drogas estava estreitamente relacionada com
a problemas sentimentais, que também era a causa por que elas
abusavam de calmantes ou outras substâncias psicotrópicas. Além disso, os consumidores
com imperfeições de personalidade anti-sociais têm
que enfrentar frequentemente mais problemas psicológicos sociais,
incluindo os relativos ao julgamento jurídico e ao emprego, razão
por que o resultado do seu tratamento é evidentemente pior (Woody
et al., 1985). Mas, se houver excelentes assistentes sociais que lhes
prestem o serviço de acompanhamento, o resultado do seu tratamento
será decerto melhor (Gerstley et al., 1989). Este ponto de vista
já foi provado pelo resultado de uma série de investigações
realizadas desde a década de 60
pela Sociedade para a Ajuda e Reabilitação de Consumidores
de Drogas de Hong Kong (Society for the Aid and Rehabilitation of Drug
Abusers, Hong Kong) (Ver os Relatórios Anuais da SARDA: 1963-64;
2001-02; Relatórios Anuais da PHSHA: 1967-68; 2000-01). Características de
personalidade/psicológicas e projecto do processo Quanto ao problema sobre
as características de personalidade dos consumidores de drogas,
desde há longo tempo que existe divergência de opiniões.
Por exemplo, Sutker e Allain consideravam em 1988 que todas as opiniões
sobre as características de personalidade dos consumidores de
drogas (tais como a acção anti-social e o abatimento)
têm simplificado e mesmo desfigurado as características
psicológicas dos consumidores de drogas. Mas, Nathan considerava
(em 1988) que era necessário definir claramente a diferença
entre as características psicológicas dos consumidores
de drogas e as dos que não consumem drogas, de modo a facilitar
o projecto do processo de tratamento e reabilitação. Apesar
da existência de muitas discussões, algumas conclusões
da investigação também podem servir-nos de referência.
Cada vez mais estudiosos intentam estudar e projectar uma série
de instruções normalizadas dirigidas contra o consumo
de droga. Os sintomas gerais da toxicodependência (drug dependence syndrome17)
formulados por Babor Cooney e Lauerman (em 1986) incluem as descrições
nos seguintes aspectos:
(a)
Vezes, doses, métodos e motivos de abuso de drogas;
(b)
Grau de efeitos sobre a inteligência exercidos pelo
consumo de drogas;
(c)
Efeitos negativos causados pelo abuso de drogas a si mesmos
e no ambiente ao seu redor;
(d)
Velocidade de reaparecimento dos sintomas da recaída
depois da abstinência do vício.18 As normas descritas nos
aspectos acima mencionados, aplicadas ao tratamento do consumo de ópio
estão adoptadas amplamente. Craig's considerava
(em 1982) que era necessário dedicar-se à investigação
da necessidade típica e situação de vida dos consumidores
de drogas/ toxicodependentes sob tratamento, assim como seus motivos
de internamento no hospital/lar e necessidades do serviço de
tratamento, de modo a elaborar um processo completo de tratamento dos
toxicodependentes. Steer investigou (em 1982) a abstinência do
vício por via de consulta externa e o estado psicológico
de consumidores de Metadona; com um conjunto de instrumentos de teste
(SCL-90-R), descobriu que a maioria dos toxicodependentes cuja abstinência
do vício foi através de consulta externa se manifestavam
aflitos e a relação inter-pessoal dos consumidores de
Metadona era relativamente fácil de ser prejudicada. Por isso,
no processo de tratamento dos toxicodependentes com problemas de inibição
e aflição, o reforço da sua formação
em técnicas de comunicação social pode elevar a
eficácia do tratamento. Sall também referiu (em 1984)
ao estado psicológico de inquietude e terror que tinham os toxicodependentes
antes de ser submetidos a tratamento, sugerindo que no processo da sua
abstinência do vício os ajudassem a acabar com este estado
psicológico anormal e, com base nisto, os formassem em técnicas
de comunicação inter-pessoal, habilidades de emprego e
métodos para solução de problemas, etc. Quanto
ao problema respeitante às imperfeições de personalidade
dos toxicodependentes sob tratamento, Hoffman considerava (em 1964)
que era muito comum o facto de o brio e autoconfiança dos consumidores
de drogas serem bastante inferiores, razão por que Kaplan e Meyerowitz
julgavam (em 1970) que no processo de tratamento de toxicodependentes
era muito importante organizar cursos de formação para
a elevação do seu brio e autoconfiança. Miller,
Sensenig e Campbeel investigaram (em 1973) as diferenças entre
os consumidores de drogas do sexo masculino e do feminino, existentes
no aspecto da concepção do valor, e o resultado da sua
investigação mostra que o sexo feminino prestava maior
atenção à relação inter-pessoal e
o sexo masculino davam maior importância à capacidade e
êxitos de trabalho. Através do teste psicológico,
Blumberg et al. descobriu (em 1974) que a maioria dos jovens marginalizados
consumidores de drogas perderam a confiança nos seus familiares,
considerando que ao projectar o processo de tratamento era considerar
como recuperar a sua relação familiar desfeita. Na conclusão
da sua investigação realizada em 1966, Rotter indica que
a maioria dos recaídos no vício da droga atribuíram
as causas da sua recaída ao destino e circunstâncias desfavoráveis
e, por isso, é necessário incluir a elevação
do seu sentido de responsabilidade no curso de formação
organizado no processo de tratamento. Dirigindo-se contra as diversas
diferenças acima referidas entre os consumidores do sexo feminino
e do masculino, Rhoads propunha (em 1983) que ao projectar o processo
de tratamento se estabelecesse uma rede especial para o apoio às
toxicodependentes sob tratamento, formando-as em diversas técnicas
de comunicação social e habilidades de vida. Entre as
17 toxicodependentes que aceitaram o nosso inquérito, 17,6% disseram
que na sua infância sofreram abusos sexuais. Conforme a investigação
de Finregan et al, realizada em 1990, abusos sexuais sofridos pelo sexo
feminino na infância terá muito possivelmente efeitos negativos
sobre a sua maneira de vida na vida adulta e muitas delas poderão
cair no vício do consumo de drogas; se uma mulher que tenha sofrido
abusos sexuais e em consequência se tornar mãe, também
poderá enfrentar diversos efeitos negativos. Dirigindo-se contra
esta situação, a transmissão de conhecimentos da
criação de bebés e o alívio da disposição
de repressão e inibição devem ser o principal conteúdo
no processo de tratamento destas toxicodependentes; além disso,
o aconselhamento individual e a orientação em grupo devem
ser abarcados em todo o processo de tratamento; o treino de técnicas
de distinção de filhos próprios também deve
ser incluído no curso de formação, ponto este que
se tem mostrado útil pelas experiências acumuladas pelo
Centro de Tratamento de Toxicodependentes do Sexo Feminino, subordinado
à Sociedade para a Ajuda e Reabilitação de Consumidores
de Drogas de Hong Kong. Por isso, sugerimos às autoridades interessadas
de Macau que ao projectar o processo de tratamento tomem como referência
as experiências de Hong Kong neste aspecto, para que estas experiências
possam ser discutidas e aperfeiçoadas ainda mais no curso ou
oficina de formação de trabalhadores de desintoxicação
e, mais tarde, sejam aplicadas no processo de desintoxicação
em Macau. Sempre que se apliquem os conhecimentos à prática
conforme as circunstâncias concretas de cada caso e com o método
de trabalho individual e em grupo, as técnicas para a recriação
da vida dos toxicodependentes sob tratamento terão êxitos
frutíferos. Secção
II: Características do Abuso de Drogas (A)
Tipos de Drogas Abusivamente Consumidos
(1)
Entre todos os pedidos de apoio de desintoxicação
apresentados em 2001 ao Complexo de Apoio a Toxicodependentes do IAS,
82% dos utentes abusavam principalmente de heroína e cerca de
13% abusaram de Ketamina, xarope para tosse e comprimidos de tipos desconhecidos
(Ver o Relatório da Luta contra a Droga em Macau 2001). Mapa
16 Tendência do consumo
de diversos tipos de drogas (1997-2001) ![]() Este gráfico mostra que o número dos
consumidores de heroína tem apresentado uma tendência de
baixa nos últimos anos. Mas, o consumo de outras drogas incluindo
substâncias psicotrópicas apresenta uma tendência
de subida.
(2)
Conforme a situação do combate à droga
desenvolvido pela Polícia Judiciária nos últimos
anos, a tendência de evolução dos tipos de drogas
neste período é a seguinte: Mapa
17 Comparação dos tipos de drogas confiscadas em Macau
nos últimos anos (1999-2001)
Fonte de dados: Divisão
de Investigação e Combate ao Tráfico de Estupefacientes
(ex-Secção Coordenadora de Investigação
e Combate ao Tráfico de Estupefacientes) Através da nossa
visita à Divisão de Investigação e Combate
ao Tráfico de Estupefacientes, sabemos que a quantidade das drogas
confiscadas na região de Macau se mantinha basicamente estável
no seu conjunto, entre 1999 e 2001. Mas a quantidade de drogas de tipo
de ópio tendia para aumentar e a de substâncias psicotrópicas
confiscadas apresentava uma tendência de aumento evidente. A tendência
de aumento da quantidade de substâncias psicotrópicas (como
Ecstasy (MDMA e MDA) e Ketamina), abusivamente usadas, não só
existe em Macau, mas também nas regiões vizinhas (como
em Zhuhai), onde é popular a "cultura de delírio" (rave culture). Entretanto, a quantidade de haxixe confiscada tem-se
reduzido com rapidez, o que mostra talvez a mudança da operação
dos bandos criminosos, ou seja, transportando-se ilegalmente as drogas
por meio de divisão de um todo em partes.
(3)
Tipos de drogas consumidas pelos 108 inquiridos, toxicodependentes
em tratamento antes de receberem o serviço de desintoxicação Mapa
18 Tipos de drogas abusivamente
consumidas
Este mapa mostra que entre
os 108 inquiridos 21% só consumiam heroína antes de receber
o serviço de tratamento; 58,3% consumiam heroína e Midazolam
ao mesmo tempo, sendo o número destes consumidores do sexo masculino
(60,4%) superior ao do sexo feminino (47%); 7,4% dos inquiridos em tratamento
consumiam haxixe de vez em quando; 5,6% consumiam ao mesmo tempo diversos
tipos de substâncias psicotrópicas. Entre os 106 consumidores
de drogas que foram inquiridos na rua, 97,7% consumiam estupefacientes
que causam dependência. Dos inquiridos do sexo masculino, 25%
revelaram que consumiam também outros tipos de substâncias
ilegais, tais como Ketamina e Ecstasy. Dos inquiridos do sexo feminino,
45% disseram que consumiam ao mesmo tempo estupefacientse e substâncias
psicotrópicas. Todavia, como o inquérito de rua era relativamente
superficial e limitado pelo tempo, o grau credibilidade é claramente
inferior ao do inquérito aos toxicodependentes em tratamento.
(B)
Consumo Médio Diário de Drogas Mapa 19
Consumo médio diário de drogas por parte dos 108
inquiridos toxicedependentes em tratamento
Segundo os dados fornecidos
pelos 108 inquiridos, relativos ao valor de drogas diariamente consumidos,
40,7% deles gastaram Mop$200 a 400, 34,3% menos de Mop$200 e 25% gastaram
Mop$400 ou mais. O valor médio de drogas diariamente consumidas
era de Mop$230. Este número é muito aproximado do resultado
do nosso inquérito de rua (sendo de Mop$225). Além disso,
através dos grupos de foco, fomos informados de que devido à
passagem fácil pela alfândega, entrando e saindo de Zhuhai
no mesmo dia, onde o valor médio de drogas diariamente consumidas
era de $80 (o mínimo, $50; o máximo, $150). Quanto aos
motivos do consumo de drogas trans-fronteiriço, 75% expressaram
que no interior da China era fácil adquirir substâncias
ilícitas e o preço era mais barato, 13% consideravam que
no interior da China existiam menos possibilidades de serem detidos,
e havia alguns inquiridos que consumiam drogas no interior da China,
porque suas famílias aí se encontravam.
(C)
Métodos de Consumo de Drogas e Situação
de Partilha de Seringa
1.
Métodos de consumo de drogas: Mapa 20 Métodos de consumo
de drogas
A maioria dos consumidores
de drogas, tanto do sexo masculino como do feminino, adoptavam a injecção
de drogas por via intravenosa, ocupando quase 80% e só 12% adoptavam
o método de consumo por inalação ("chasing dragon").
Quanto ao consumo oral, havia respectivamente 11,8% das inquiridas toxicodependentes
em tratamento e 33% das inquiridas de rua que o adoptavam, percentagens
estas que são muito maiores do que a do sexo masculino, que é
de apenas 1,1%. A causa principal disso residirá talvez no aumento
progressivo do número de consumidoras de substâncias psicotrópicas,
sendo a via oral a forma principal da sua administração.
Segundo os dados da Divisão de Tratamento e Reinserção
Social, a maioria dos consumidores registados adoptavam a maneira de
injecção intravenosa, atingindo 80% a sua percentagem
antes de 1997 e mantendo-se a nível de 50% nos últimos
anos. Segue-se-lhe a maneira de consumo por inalação,
que ocupa 12% e a de consumo oral, que constitui 10%, mas a percentagem
apresenta a tendência para subir. Quanto às percentagens
dos utentes que consomem drogas injectáveis, existe uma diferença
de 25% entre o resultado do presente inquérito aos 108 toxicodependentes
em tratamento e os dados apresentados pela Consulta Externa em 2001,
o que mostra que as maneiras de consumo de drogas adoptadas nos últimos
anos têm sofrido mudanças positivas, ou seja, cada vez
mais consumidores deixaram de adoptar a via intravenosa e começaram
a adoptar outras maneiras mais seguras, mudança essa que é
considerada como um passo de arranque muito importante na redução
de prejuízos causados pelo consumo de drogas.
2.
Situação da partilha de seringa: Este mapa mostra que entre
os 108 inquiridos há 88 (81,5%) que adoptavam a injecção
por via intravenosa e entre estes 88 utentes, 62 (71%) partilharam e
partilham seringas com outros no consumo de drogas. A percentagem dos
utentes de injecção intravenosa e a das utentes desta
maneira são aproximadas, sendo respectivamente de 70,2% e 71,4%.
Os 62 consumidores que partilham seringas ocupam cerca de 57% do total
dos inquiridos. Mapa
21 Situação
da partilha de seringa entre os 108 inquiridos toxicodependentes em
tratamento
Mapa
21a Situação
dos 106 consumidores de drogas inquiridos na rua
Este mapa mostra que entre
os 87 consumidores de drogas injectáveis, inquiridos na rua (ocupando
82%), 40% do sexo masculino partilhavam seringa com outros, sendo inferior
a dos inquiridos toxicodependentes em tratamento, que atinge 70%. Mas,
a percentagem do sexo feminino (71%) é semelhante à das
inquiridas toxicodependentes em tratamento. O número dos toxicodependentes
que partilham as seringas ocupa 33% no total dos 106 inquiridos de rua,
sendo inferior à dos inquiridores toxicodependentes em tratamento,
que atinge 57%. A causa disso é devido talvez ao facto de o número
dos inquiridos toxicodependentes inclui as acções passadas
e as acções actuais, enquanto que o número dos
inquiridos de rua só mostra a situação de acções
actuais. Segundo os dados do Laboratório
de Saúde Pública dos Serviços de Saúde de
Macau, entre 1986 e finais de 2002 foram registados 262 casos acumulados
relativos à infecção de HIV/SIDA, dos quais 66,8%
se referiram a trabalhadores não residentes nos estabelecimentos
de diversão, e o canal de infecção era principalmente
o contacto sexual, ocupando 77,5% do total, seguindo-se-lhe o contacto
homossexual (8,8%) e a partilha de seringa (5,0%). O mapa de cima mostra
que há acumulativamente 13 infectados com HIV por via da partilha
de seringa, (dos quais 8 eram trabalhadores não residentes).
Segundo os dados obtidos através da visita ao responsável
do Laboratório de Saúde Pública, realiza-se a análise
de sangue aos trabalhadores de clubes nocturnos não residentes
em Macau de 4 em 4 meses, mas era difícil inspeccionar as jovens
que vieram do interior da China para se entregarem à prostituição.
Por isso, não tivemos meios para recolher os dados numéricos
sobre as infeccionadas de HIV entre as prostitutas que vieram do interior
da China (incluindo as que partilham seringas para a injecção
de drogas).
(D)
Conhecimentos e Acções para a Redução
de Prejuízos
1.
Situação da infecção do HIV/SIDA
em Macau Mapa 22 Extractos da Estatística
do 4.¢X Trimestre19 (Outubro a Dezembro de 2002)
2.
Situação da prevenção da SIDA
e da adopção de medidas preventivas quando da realização
de acções sexuais: Mapa 23 Situação
da limpeza de seringas entre os 108 inquiridos toxicodependentes em
tratamento
Mapa 24 Situação dos que frequentavam
prostíbulo e das que se entregavam à prostituição
entre os 108 inquiridos toxicodependentes em tratamento
Os dados acima referidos
mostram que entre os inquiridos mais de 70% têm determinados conhecimentos
sobre os canais de infecção da SIDA, mas não têm
adoptado decisivamente medidas preventivas. Por exemplo, a maioria dos
inquiridos (83% do sexo masculino; 80% do feminino) só limpavam
a seringa com água; entre os que frequentavam prostíbulo
só 50% usavam amiúde contraceptivos. Por isso, no projecto
de cursos de educação social é necessário
prestar atenção especial à elevação
da proporção da adopção de medidas preventivas.
Por outro lado, o hábito de frequentar prostíbulos está
geralmente relacionada com o consumo de drogas, razão por que
é imperativo encarar com coragem esta realidade, não podendo
fugir-se da discussão do problema apenas por causa da crença
religiosa ou por vergonha. Mapa
25 Situação
do uso de contraceptivos por parte dos 68 inquiridos toxicodependentes
em tratamento
Mapa
26 Conhecimentos dos 108
inquiridos toxicodependentes em tratamento sobre a infecção
de SIDA*
*Os conhecimentos foram
adquiridos em palestras sobre a saúde regularmente organizadas
por algumas instituições de desintoxicação,
de TV (filmes de propaganda de curta metragem de Hong Kong) e de jornais
e revistas. (E) Idade do Consumo Inicial
e Motivos da Aquisição do Vício
(1)
Idade média dos consumidores de drogas: Conforme
os dados relativos à tendência de evolução
da idade dos toxicodependentes que pedem tratamento, entre 1991 e 1998,
62% dos consumidores de drogas, tanto do sexo masculino como do feminino,
tinham idades compreendidas entre os 24 a os 25 anos20. Mas, entre 1998 e 2000, o número
dos pedintes de apoio tinham 30 ou mais anos de idade aumentou sem cessar
e em 2001 ocupou 75% do total.
(2)
Idade média dos que consumiram drogas pela primeira
vez: Conforme o Relatório da Luta contra a Droga, a idade média
dos que consumiram pela primeira vez não apresentou a tendência
de baixa; pelo contrário, subiu de 17,9 anos de 1991 para cerca
de 25 anos em 2001. Em Hong Kong, entre os consumidores de drogas que
foram apresentados pela primeira vez, 67,6% disseram que consumiram
drogas pela primeira vez entre os 15 e os 24 anos.
(3)
Motivos da aquisição do vício causada
pelo consumo inicial de drogas Através da investigação
de 500 consumidores de Metadona, do sexo masculino e do feminino, na
Califórnia, Estados Unidos, realizada em 1987, os estudiosos
do combate à droga internacional, Anglin, Hser e McGlothlin,
descobriram: (1) A maioria das consumidoras de drogas adquiriam o vício
pela primeira vez principalmente devido à sedução
de amantes/cônjuges; (2) A maioria dos consumidores de drogas
adquiriam o vício pela primeira vez principalmente devido à
influência de amigos/colegas. O resultado do presente inquérito
(Ver o mapa de cima) apresenta a conclusão semelhante: A maioria
dos consumidores de drogas (39,6%) adquiriam o vício pela primeira
vez principalmente devido à influência de amigos/colegas;
a maioria das abusadoras de drogas (35,3%) consumiram drogas pela primeira
vez principalmente devido à curiosidade e à sedução
de amantes. De entre as inquiridas consumidoras de drogas, muitas revelaram
que foram controladas pelos amantes, tornando-se assim os seus meios
de transporte de drogas e instrumentos para ganhar dinheiro. Mapa
27 Motivos da aquisição
do vício causada pelo consumo inicial dos 108 inquiridos toxicodependentes
em tratamento
(F)
Experiências de Tratamento da Toxicodependência Mapa
28 Situação
da desintoxicação dos 108 inquiridos no passado
Este mapa mostra que a maioria
dos inquiridos (71%) receberam duas vezes o serviço de tratamento
da toxicodependência; entre estes 27,8% internaram-se voluntariamente
no lar do Desafio Jovem e 23,1% no lar da Confraternidade Cristã
Vida Nova; 20,4% receberam voluntariamente o tratamento da Consulta
Externa e 12,1% ingressaram no Centro de Reabilitação
da Taipa. Depois do encerramento deste Centro em 1990, todos os criminosos
consumidores de drogas foram presos no Estabelecimento Prisional de
Macau. Entre os inquiridos 22% submeteram-se a tratamento por 3 a 5
vezes e entre estes a maioria recebeu o serviço da Consulta Externa,
constituindo 14,8% do total e os que se internaram voluntariamente no
lar do Desafio Jovem e no lar da Confraternidade Cristã Vida
Nova ocupam 8,3% e 6,5%, respectivamente. A Jesus Family fechou no ano
passado e a St. Stephen's, devido à alteração
da sua orientação de serviço, não só
acolhe consumidores de drogas, mas também vagabundos de rua,
razão por que é difícil comparar os dados numéricos.
Quanto aos modelos de tratamento, além da Associação
Reabilitação de Toxicodependentes (antigamente era Ser
Oriente), outras instituições particulares como o Desafio
Jovem e a Confraternidade Cristã Vida Nova adoptam o modelo de
tratamento evangélico, enquanto que a Consulta Externa adopta
o modelo não religioso, ou seja, o de acção social.
Por isso, ela pode acolher com maior facilidade os consumidores gerais.
O inquérito mostra que a maioria dos consumidores de drogas que
receberam de 3 a 5 vezes o serviço de tratamento pediram o apoio
da Consulta Externa. Ao elaborar o plano de tratamento a curto e longo
prazo é necessário atender esta situação. (G) Motivos
de Recaída e Dificuldades na Reinserção Social Newman indicou (em 1983):
Os reabilitados do abuso de heroína pode recair repetidamente
no vício no processo da sua reinserção social,
situação que é muito difícil evitar. Depois
da nova aquisição do vício, devido ao aumento da
quantidade de drogas toleradas, o grau grave do índIce do vício
também pode elevar-se, razão por que é bastante
difícil voltar a abster-se do vício. No seguinte mapa
vamos mostrar os motivos de recaída dos 108 inquiridos toxicodependentes
em tratamento e os efeitos causados a si mesmos e ao seu ambiente. Mapa
29 Motivos de recaída
dos 108 inquiridos toxicodependentes em tratamento
Nota: O inquirido pode assinalar
duas respostas principais quando for perguntado sobre os motivos de
recaída. Entre os inquiridos, para
a maioria do sexo masculino, os factores individuais incluindo a forte
dependência psicológica de drogas (42,9%) e o alívio
do aborrecimento eram os motivos principais da sua recaída; para
a maioria do sexo feminino (58,2%), o principal motivo da sua recaída
era aliviar com drogas a sua depressão emocional. Quanto à
influência do ambiente exterior, tanto para o sexo masculino como
para o feminino, os principais motivos da sua recaída eram o
desemprego e a influência de amigos. Além disso, a falta
da rede de apoio de acompanhamento após a abstinência do
vício e o facto de não ser aceite por familiares eram
também motivos secundários da sua recaída. Quanto às experiências
vividas pelos reabilitados da toxicodependência no processo de
contacto com amigos não consumidores de drogas ou pessoas bem
comportadas, foi descoberto que 66% dos inquiridos não contactaram
com esses amigos ou pessoas no fim do processo de tratamento, facto
que mostra que a organização de apoio autónomo
e apoio mútuo criada para reabilitados da toxicodependência
(concretamente, a actual Associação Renovação
e Apoio Mútuo) não tem desempenhado completamente as suas
funções no sentido de reunir um maior número possível
das pessoas que concluíram o tratamento na Consulta Externa ou
o internamento em lar. Portanto, no âmbito do serviço
de acompanhamento a toxicodependentes reabilitados, deve ser criado
um mecanismo que permita a prestação de apoio a toxicodependentes
reabilitados. Por outro lado, a falta do serviço
de acompanhamento e da rede de apoio autónomo e mútuo
aos ex-reclusos que cumpriram o processo de tratamento da toxicodependência
constitui um factor relevante conducente à não redução
do número de recaídos no vício.
(H)
Relação entre a Dose Aplicada e o Tratamento Ao investigar o grau de
gravidade do abuso de drogas por parte dos toxicodependentes, Crawford
descobriu (em 1983) que a dose (por exemplo, 3 vezes por dia ou por
semana), a maneira de administração e história
do consumo de drogas variam de pessoas para pessoas. Não era
fácil conseguir num curto prazo obrigar os toxicodependentes
a participar no programa de tratamento pouco tempo depois do início
da dependência da droga. Por
isso, se quiser ter êxito com maior facilidade no tratamento destes
toxicodependentes, será necessária a avaliação
do índice da gravidade da sua dose administrada, acrescida da
promoção de motivação junto dos utentes.
Por exemplo, antes do internamento em lar,
seria conveniente administrar aos utentes alguns medicamentos com a
função de atenuar os sintomas do vício, o que vai
prolongar o tempo de permanência no lar aumentando a taxa de internamento.
Flaherty considerava (em 1984) que o processo
de tratamento devia ser concebido em função dos diversos
tipos de dose aplicada. Através do inquérito a 40 reabilitados
bem comportados, realizada em 1983, Wille descobriu que 90% dos inquiridos
reconheceram que no fim do cumprimento do processo de tratamento, apesar
de não voltarem a consumir heroína, se entregaram ao alcoolismo
e ao abuso de haxixe, anfetamina ou calmantes. Só foi 8 anos
depois que esta acção de abuso de diversos tipos de drogas
parou ou se tornou cada vez menos. Por isso, chegou à conclusão
de que a acção de abuso de diversos tipos de drogas era
uma etapa no processo da abstinência completa do vício.
No processo de tratamento era necessário prestar maior atenção
à solução do problema relativo à acção
de abuso de diversos tipos de drogas, não devendo só atender
a solução do problema sobre o abuso de heroína.
Em resumo, o tratamento eficaz deve ter como meta a longo prazo a mudança
do modo de vida dos toxicodependentes (Whole person recovery), a mudança
da maneira de consumo de drogas pode reduzir oportunamente os prejuízos
(ver o Manual sobre a Redução de Prejuízos Causados
pelo Abuso de Drogas, a ser publicado brevemente em 2003 pelo Conselho
do Serviço Social de Hong Kong (Hong Kong Council of Social Service),
publicação que será benéfico para enriquecer
os conhecimentos profissionais por parte dos assistentes sociais e dos
trabalhadores da linha da frente. A
título de exemplo, nessa publicação é preconizada
a substituição da "injecção" pela "inalação"
de drogas ("chasing dragon"), o que pode evitar eficazmente o vírus
transmitido por via de sanguínea. Secção
III: Características Sócio-Económicas
(A)
Estado Civil e Relação Familiar A tendência de evolução
entre 1991 e 1997 mostra que a maioria dos utentes eram solteiros, atingindo
60,3%, mas a proporção dos casos referentes aos casados
já teve um aumento de 19% em 1991 para 46% em 1997. Esta tendência
de subida registou certo abrandamento entre 1999 e 2000. Até
2001, a percentagem dos casos referentes aos casados ( 42%) já
excedeu a dos casos relativos aos solteiros (40%). Incluindo-se os casos
de divórcio/separação, tanto o número dos
casos relativos aos casados como o dos relativos aos divorciados tendem
para aumentar. O resultado do inquérito
aos 108 toxicodependentes em tratamento mostra que entre eles 17,6%
(ou 35% dos 65 casados) divorciaram-se ou vivem separados. Conforme
estatísticas da Consulta Externa, a taxa de divórcio dos
toxicodependentes em tratamento elevou-se de 2% em 1997 para 11% em
2001, quase 10 vezes superior à de separação /
divórcio da população de Macau, que é apenas
de 1,6%. Mapa
30 Estado civil dos 108
inquiridos toxicodependentes em tratamento
Bucky considerava (em 1973)
que o consumo de drogas podia piorar a relação conjugal
e a vida familiar, conduzindo assim à alta taxa de divórcio.
O resultado desta investigação mostra que entre os toxicodependentes
os que tinham má relação com familiares ocupam
32%, os que tinham uma relação muito má com familiares
ocupam 15%. O divórcio conduz ao aumento múltiplo de famílias
monoparentais, o que agrava indirectamente o encargo do Governo na disponibilidade
de habitações, no apoio económico e na prestação
de outros tipos de serviço social.
(B)
Distribuição Regional dos Consumidores de
Drogas e Migração da População Na sua obra de investigação,
publicada em 1970, Ball e Bates indicam que apesar de ainda não haver suficientes
provas para mostrar que o consumo de drogas esteja claramente relacionado
com a migração populacional, existe decerto a relação
evidente entre a migração da velha geração
e o consumo de drogas por parte da nova geração. O autor
considera que no processo de liga na cultura local, a maioria dos filhos
dos novos imigrantes não estão dispostos a aceitar o valor
tradicional dos pais, mas estão dispostos a aceitar o valor cultural
de seus amigos locais. Por outro lado, como os pais gastam grandes esforços
para se adaptarem ao novo ambiente, negligenciam a educação
de filhos. Este ponto de vista tem sido provado pelo fenómeno
existente nos últimos anos na zona norte de Macau (Freguesia
da Nossa Senhora de Fátima). Um inquérito realizado pelo
Centro de Desenvolvimento Juvenil da Areia Preta Sheng Kung Hui em 2000
junto a jovens da zona norte mostra que muitos jovens marginalizados
são de famílias monoparentais ou de famílias de
estrutura incompleta21. Nos últimos anos
o número dos novos imigrantes em Macau tem aumentado de modo
estável e a sua maioria vive na zona norte, ligada com a zona
de Gongbei de Zhuhai. O resultado do censo de 2001 mostra que conforme
a distribuição por freguesia, o número dos residentes
na Freguesia da Nossa Senhora de Fátima é o mais, atingindo
180.499, que ocupa 41,5% do total da população de Macau.
Segue-se-lhe a Freguesia de Santo António, situada ao sul da
Freguesia da Nossa Senhora de Fátima, cujos residentes ocupam
23,9% do total. Por outro lado, os bairros vizinhos, como o de Mong
Há, o da Areia Preta, Iao Hon e Porto Exterior, foram no passado
zonas industriais, mas com a mudança das unidades fabris para
o interior da China, muitos edifícios desses foram abandonados
tornando-se esconderijos onde consumiam drogas, desempregados e sem-abrigos.
O nosso inquérito aos 106 consumidores de drogas em rua mostra
que entre eles 73% viviam na zona norte ou vagueavam por aquela zona
e mais de 60% tinham 40 ou mais anos de idade. Mapa
31 Comparação regional das habitações dos
106 inquiridos em diversas zonas de Macau
Mapa
32 Distribuição
etária
Ball e Bates indicaram em
1970 que a taxa de migração dos consumidores de drogas
era inferior à da população em geral, o que é
devido ao desemprego e ao estatuto sócio-económico. A
zona norte de Macau é mais aproximada da Alfândega de Gongbei
e para os consumidores de drogas é muito fácil passar
pela alfândega para visitar familiares ou consumir drogas. Para
os toxicodependentes mais jovens, devido aos seus trabalhos, nomeadamente
nos estabelecimentos de diversão e nos sectores de serviço
(cabeleireiro, por exemplo), tem maior possibilidade de mudar para outro
sítio. No processo do nosso inquérito de rua, visitámos
mais de dez jovens consumidores de heroína que trabalhavam em
cabeleireiros situados na Freguesia de Santo António (concretamente,
na Rua de Cinco de Outubro). Como esta Freguesia e a Freguesia de São
Lázaro são vizinhas e a idade média dos consumidores
de drogas é inferior à dos da zona norte. Os problemas
principais detectados nestas 2 zonas são o desemprego, problemas
económicos e delinquência juvenil. Acrescentando-se-lhe
que aqui existem numerosos estabelecimentos de diversão nocturna,
que são considerados lugares ideais para o abuso de drogas por
parte de jovens. Quanto à situação das ilhas da
Taipa e de Coloane, conforme o censo de 2001, o número dos residentes
aumentava sensivelmente, registando um aumento de 4,8 vezes em relação
a 1991 e a sua proporção no total da população
de Macau elevou 7,6%22. Segundo dados fornecidos
por assistentes sociais da Divisão de Tratamento e Reinserção
Social, com o aumento dos novos imigrantes na Taipa nos últimos
anos, o seu problema relativo a jovens e adolescentes tem vindo a chamar
a atenção pública e aqui está a crise de
jovens e estudantes que consomem drogas. Resumindo-se todas as análises
acima mencionadas, chegamos à seguinte conclusão: Entre
os consumidores de drogas, a percentagem dos imigrantes do interior
da China é cada vez mais elevada e a maioria dos consumidores
de drogas vivem na zona norte. Esta situação faz com que
os consumidores de drogas tenham que enfrentar ainda maiores dificuldades
na sua ruptura do círculo especial da sub-cultura relativa ao
consumo de drogas e na sua integração na sociedade. Durante
a discussão dos grupos em foco, a maioria dos toxicodependentes
do sexo masculino, em tratamento, expressaram que as suas oportunidades
para a procura de emprego e a sua esfera de actividades eram muito limitadas,
e lhes era muito difícil vencer as restrições psicológicas
existentes na sua vida quotidiana. "Jorquez (1984) noted that in the process of becoming
abstinent, addicts must extract themselves from the addict sub-culture,
and then find a means of accommodating to the larger, non-addict society." (C) HabilitaçõesAcadémicas
(1)
Comparação das habilitações
académicas dos que consumiam e não consumiam drogas: Mapa
33 Comparação
das habilitações académicas dos consumidores e
não consumidores de drogas (2001)
Da análise deste
mapa, verifica-se uma alta percentagem dos toxicodependentes que têm
curso primário. Entretanto, em termos globais, menos de 50% da
população de Macau tem curso primário, mas mais
de 60% dos toxicodependentes activos ou em tratamento não concluíram
ou concluíram o curso primário.
(2)
Comparação das habilitações
académicas dos toxicodependentes
em tratamento voluntário e dos reclusos drogados: Mapa
34 Comparação
das habilitações académicas dos toxicodependentes
em tratamento voluntário e dos reclusos drogados
Este mapa mostra que as
habilitações académicas dos reclusos drogados é
em geral inferior à dos toxicodependentes em tratamento voluntário.
Entre os reclusos drogados, apenas 23% com curso secundário,
sendo 76,5% com curso primário. Entretanto, entre os toxicodependentes
em tratamento voluntário 60,2% com curso primário e 38,2
com curso secundário. Mas, a relação entre o nível
de habilitação académica e a taxa de criminalidade
não é evidente, possivelmente porque a representabilidade
dos 17 inquiridos reclusos drogados é insuficiente, número
que é muito inferior ao dos 91 toxicodependentes em tratamento
voluntário. No entanto, é possível existir certa
relação entre as habilitações académicas
e as oportunidades de emprego, questão que deve ser estudada
profundamente, antes de se poder chegar a uma conclusão.
(3)
Comparação das habilitações
académicas dos consumidores de drogas do sexo masculino e do
feminino Mapa
35 Habilitações
académicas dos inquiridos do sexo masculino e do feminino
Comparando os resultados
do inquérito aos 108 toxicodependentes em tratamento e aos 106
consumidores de drogas na rua, verificamos que entre os inquiridos a
habilitação académica do sexo feminino é
superior à do sexo masculino, enquanto que a idade média
do sexo feminino é inferior à do sexo masculino (32 :
38,9). Este facto está relacionado talvez com o aumento de imigrantes
do sexo feminino de idade mais jovem nos últimos anos. Também
está provavelmente relacionado com o facto de as imigrantes terem
concluído o curso secundário elementar, questão
que está por estudar a fundo para o seu apuramento. (D) Situação
Sócio-económica e Emprego
(1)
Relação entre o problema relativo ao consumo
de drogas e a estrutura familiar e social: Nos anos 60, em geral considerava-se
que todos os consumidores de drogas vieram de famílias com o
baixo estatuto social ou de comunidades economicamente pobres. O estudioso
norte-americano, Winick indicou em 1965 que a maioria dos consumidores
de ópio eram de famílias com a posição social
humilde, pertencentes à camada inferior da sociedade, em que
reinava a desconfiança, pessimismo e disposição
de abandono, o que se pode verificar em diversas infracções.
Kaplan e Meyerowitz (1970) também descobriram na sua investigação
que a maioria do grupo consumidor de drogas pertenciam à camada
social inferior, chegando a 56% do total, ao passo que 21% do total
do grupo não consumidor é proveniente da camada social
inferior. Mas, com o progresso, Kleinman descobriu em 1978 que o estatuto
social da família tem apenas efeito sobre a fase inicial do consumo
de drogas, o que só acontece aos indivíduos locais.
Para os novos imigrantes, como o novo ambiente lhes exercia influências
relativamente grandes, o consumo de drogas quase não tinha relação
óbvia com o estatuto social da sua família. Actualmente,
os consumidores de drogas já estão dispersos por diversos
estratos sociais. De facto, Beckett e Lodge, bem como Lukoff et al já
descobriram respectivamente em 1971 e 1972 que o problema relativo ao
consumo de drogas também tinha surgido entre os "trabalhadores
de colarinho branco" (white collar
workers) ou em famílias da classe média. Bewley e
Ben-Arie, assim como Ball ainda descobriram respectivamente em 1968
e 1970 que a maioria das famílias com membros consumidores de
drogas poderiam baixar da camada social superior para a camada social
inferior, o que é obviamente o efeito do abuso de drogas e não
é a sua causa.
(2)
Situação do emprego e profissão dos
consumidores de drogas: No seguinte mapa apresentam-se
os dados sobre a situação de emprego dos 108 inquiridos
toxicodependentes em tratamento e os dados comparativos analisados pela
Consulta Externa em 2002 sobre o emprego e o desemprego dos utentes
do tratamento da toxicodependência: Mapa
36 Comparação
dos dados sobre o emprego e desemprego de consumidores de drogas em
Macau
O mapa de cima mostra que
entre a taxa de desemprego dos 108 inquiridos (25%) e a de desemprego
analisada pela Consulta Externa existe uma diferença grande,
porque as respostas dos nossos inquiridos reflectem a situação
de há 2-3 anos quando a taxa de desemprego era relativamente
baixa, mas em 2002 a taxa de desemprego é geralmente elevada.
Além disso, se se somarem as diversas percentagens, obtidas no
nosso inquérito, incluindo a de desemprego (25%), a de actividades
indiscretas (28,7%) e a de outros casos, incluindo reformado, dona de
casa e outros indivíduos sem emprego (8,4%), a soma será
de 62,1%, percentagem que já se aproxima da do desemprego apurada
pela Consulta Externa em 2002. Quanto à percentagem de emprego,
se se somar a de emprego a tempo inteiro (19,4%) e o de emprego a tempo
parcial (18,5%), a soma será de 37,9%, percentagem que já
é semelhante à de emprego estimada pela Consulta Externa
(30%). No seguinte mapa apresentam-se
os dados sobre a situação profissional dos inquiridos,
incluindo os 108 toxicodependentes em tratamento e os 106 consumidores
de drogas inquiridos na rua: |